NOTICIAS22/09/2025

Repúdio à PEC da bandidagem e à anistia para golpistas levou milhares às ruas neste dia 21

Por: Luciana Araujo
Com atos nas 26 capitais e em Brasília, além de cidades pelo país afora e em outras nações, é possível afirmar que cerca de meio milhão de pessoas entoaram os gritos "Sem anistia!" e "Não à PEC da bandidagem".
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A Câmara dos Deputados e o Senado Federal sentiram neste domingo o risco que correm os parlamentares que se mantiverem associados à votação da anistia para os golpistas de 08 de janeiro de 2023 e à proposta de emenda constitucional 03/2021 (chamada em todo o país de PEC da bandidagem por proibir investigações contra parlamentares sem autorização dos pares). Aconteceram atos nas 26 capitais e em Brasília, e manifestações em cidades como Franca (SP) e Volta Redonda (RJ). Além de protestos organizados por brasileiros e brasileiras que vivem em ao menos três capitais de países europeus: Londres (Inglaterra), Lisboa (Portugal), Berlim (Alemanha).

Somadas as estimativas divulgadas nas mídias locais com base em dados das organizações ou de institutos de pesquisa, é possível afirmar que cerca de meio milhão de brasileiras e brasileiros foram às ruas.

Além da participação massiva nos protestos, pesquisa Datafolha já identificou que  54% da população é contra a anistia a quem se envolveu ou comandou o processo que desaguou na destruição das sedes dos três poderes naquele 08 de janeiro.

Em São Paulo e em Brasília, servidores da categoria e dirigentes do Sindicato estiveram nas manifestações. A diretora do Sindicato Rosana Nanartonis, que participou do ato em na capital federal, avaliou positivamente a manifestação no coração do poder, nas cercanias do Congresso Nacional que voltará a se debruçar sobre a PEC da bandidagem nesta semana.

"Foi muito vitorioso. Uma resposta do povo mesmo para parar os desmandos no Congresso. Inclusive porque não foi um ato só de artistas, o povo foi às ruas mesmo", disse Rosana, que junto com Ciro Manzano, Isabella Leal, Camila Oliveira e a servidora Priscila Florêncio participou do protesto na capital federal porque estavam no Encontro de Servidoras e Servidores com Deficiência da Fenajufe e em atividades da Auditoria Cidadã da Dívida.

"A indignação com um Congresso que negligencia a pauta do fim da escala 6x1 e redução do imposto de renda, para votar a PEC da impunidade e bandidagem e a anistia para golpista, levou o povo às ruas de todo o Brasil. O trabalhador deu seu recado: soberania é direito pro povo que trabalha e constrói esse país", disse à reportagem Camila Oliveira, servidora do TRT-2 e também dirigente do Sintrajud.

Já nesta segunda-feira (22), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos/PB), que dirigiu a manobra regimental que fez acontecerem em menos de 24 horas os dois turnos de votação da PEC, disse durante um evento organizado por bancos e o mercado financeiro na capital paulista que "é o momento de tirar da frente todas essas pautas tóxicas".

Hugo também colocou na semana passada em tramitação em regime de urgência o projeto de lei (PL) 2162/2023 - que assegura anistia a todos os envolvidos em crimes contra o Estado democrático de direito desde 30 de outubro de 2022 até a aprovação da norma, com o ex-presidente da Força Sindical, deputado Paulinho (Solidariedade/SP) como relator. O texto é de autoria do deputado Marcelo Crivella (Republicanos/RJ), condenado pela Justiça Eleitoral à cassação do mandato em 2023 por abuso de poder e autoridade e conduta vedada a agente público, no escândalo que ficou conhecido como o caso dos "guardiões do Crivella" (que impediam a entrada de equipes de reportagem em unidades de saúde no Rio quando o pastor foi prefeito daquela cidade). Crivella recorre do processo e continua a exercer o mandato, e seria um dos beneficiários da PEC 03/2021.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brawsil/AP) já sinalizou que vai barrar a PEC da vergonha na Casa Legislativa que comanda.

Como servidores e servidoras avaliaram o ato

Raquel e Luciana (de óculos escuros) no ato da Paulista'Aqui em São Paulo a manifestação foi grandiosa. Fazia algum tempo que eu não via tanta gente na Paulista. Eu fui de metrô, e já quando o pessoal descia ali na estação Consolação já gritando "sem anistia" e contagiava muito. O pessoal já saía do Metrô se manifestando para chegar ao ato. Havia muitos cartazes contra a escala 6x1, a Flávia (da CSP-Conlutas) estava distribuindo adesivos de solidariedade à Palestina e todo mundo pegou", disse Raquel Morel Gonzaga, servidora do TRE-SP e diretora de base, à esquerda na foto.

"O ato foi gigantesco. Desde as manifestações do "Ele não" eu acho que não havia atos tão grandes nas ruas. A população atendeu ao chamado. Não podemos parar essa mobilização. Temos que aproveitar esse momento para tentar impedir que passe a boiada", frisou Luciana Carneiro, dirigente da Fenajufe e servidora do TRF-3, de óculos escuros.

Carlos Messias e Ana Fevereiro (ao centro), também na Paulista."Amei. Lavamos a alma. Foi uma alegria perceber que nem tudo está perdido apesar de tantas afrontas por parte de parlamentares inescrupulosos", disse a aposentada do TRE-SP e ex-dirigente do Sintrajud Ana Maria Fevereiro, de cabelos avermelhados.

"Fiquei surpreso e feliz com tanta gente na rua, depois de tanto tempo sem mobilização dos trabalhadores. Que sirva de combustível para as próximas lutas, como o fim da escala 6x1 e a isenção do imposto renda", Eleilson da Costa Rodrigues, servidor do TRT-2, de camiseta vermelha.

"Muito bom! Ato suprapartidário, com foco na [luta contra a] corrupção dos congressistas e contra a anistia aos golpistas", Carlos Messias, servidor aposentado do TRE-SP, de bonè.

Os servidores do TRT-2 e ex-diretores de base Lucas Bento e Eleilson Rodrigues."Foi um ato muito grande. Consegui chegar perto do carro de som o Chico César estava terminando a apresentação dele e as pessoas estavam muito animadas. A dirigente Camila e a servidora Priscila Florêncio, no ato em Brasília.Tinha muitos jovens. Foi muito vitorioso. Uma resposta do povo mesmo para parar os desmandos no Congresso. Inclusive porque não foi um ato só de artistas, o povo foi às ruas mesmo", Rosana Nanartonis, servidora aposentada do TRE-SP e dirigente do Sintrajud. 

 

 

 

 

 

A dirigente Rosana, em Brasília.