NOTICIAS12/12/2025

Na Baixada Santista, unificação sindical começou pela Barraca de Praia 

Por: Hélcio Duarte Filho

Memória Sintrajud: vídeo traz depoimentos de Tânia, Wanderley, Ivo e Adilson
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Na Baixada Santista, a unificação dos sindicatos do Judiciário Federal no Estado de São Paulo começou na praia.
Ou melhor, pela Barraca de Praia, uma tradição em Santos e que teve papel destacado na organização da categoria
na região e na fundação do Sintrajud, em dezembro de 1995.


Essa história e muitas outras é contada numa conversa, para o projeto Memória Sintrajud, que reuniu a servidora
Tânia Cristina dos Santos (TRT-2) e os servidores Wanderley Pedro de Oliveira (TRT-2), Ivo Oliveira Farias (TRT-2)
e Adilson Rodrigues (JF-Santos), todos com atuação, em diversos momentos, na luta sindical da categoria.


“Antes mesmo da unificação [dos três sindicatos] nós já tínhamos unificado o uso comum da Barraca de Praia”,
recorda Adilson, ao observar que esse trabalho sócio-cultural teve um papel importante na construção da organização
sindical e das lutas na Baixada Santista. 

Aspecto também destacado por Tânia, que se recorda de fins de semana em que, junto com Ivo, ajudava a montar
e preparar a Barraca para as atividades. Isto, ressalta, ainda no tempo do Sintrajus, o sindicato da Trabalhista.
”Eu aprendi muito ali, foi o início do conhecimento sindical para mim. 

“Eu via as pessoas de uma forma mais leve, sem aquela coisa de estar dentro do fórium”, diz, observando que
era um ambiente melhor para introduzir e debater ideias.  “Depois veio o Adilson, se apaixonou e tomou conta”,
brinca. “Hoje eu não consigo ver a Barraca de Praia sem Adilson nem o Adison sem a Barraca de Praia, um
completa o outro”, conclui.



Subsede

A criação da subsede do Sintrajud em Santos e as frequentes atuações conjuntas com outras categorias de
servidores e do setor privado, como petroleiros, também é abordada nestes relatos históricos, dados para o
Memória Sintrajud em outubro de 2022.


Recordações sobre um movimento conjunto de organização sindical da categoria, de âmbito estadual e nacional,
mas que na Baixada Santista é carregado de especificidades, que fazem da região uma referência de luta.
Dentre essas particularidades, Ivo se recorda da enorme repercussão que as atividades desenvolvidas pelo sindicato
tinham nos telejornais das afiliadas das grandes redes de TV. “A gente fazia assembleia com um monte de jornalistas
e câmeras em volta da grente, esperando acabar a assembleia”, diz. 


“As TVs regionais tem alcance de todo o litoral paulista, de milhões de pessoas. E a gente era pauta diária na hora do
almoço e à noite quando estava em greve”, conta Ivo, que acredita, pelas explicações dos repórteres à época, que isso
decorria da busca por notícias regionais por parte das afiliadas. 


A audiência parou

Há também o relato do dia em que a adesão à greve pelo PCS1 interrompeu e paralisou uma audiência. Quem conta
é Wanderley, um dos protagonistas desse feito. A audiência transcorria na 1a Junta de Cubatão (ainda eram assim
que as varas trabalhistas eram denominadas). 

O servidor lembra que estava convencido de que era preciso perder o medo para fazer a greve acontecer.
Com esse sentimento, pediu licença aos advogados e ao magistrado para falar sobre a luta da categoria.
Estava acompanhado de Adilson Rodrigues, ainda um jovem servidor, que havia ingressado há pouco
nos quadros do tribunal. 

Convenceu o servidor que assessorava a audiência, que imediatamente comunicou que estava entrando em greve -
ato que o juiz pediu que fosse registrado na ata e os trabalhos interrompidos.Assim foi feito, lembram, sem enconder
o orgulho, Wanderley e Adilson.


O vídeo com a entrevista em tom de conversa e, principalmente, buscando registrar como cada um se recorda daqueles
primeiros anos da organização sindical tem 64 minutos. Está disponível no Canal do Youtube do Sintrajud, junto
com outros depoimentos - parte de um projeto de memória oral iniciado na gestão passada e que a atual seguiu desenvolvendo.


Nesta entrevista, os servidores que colaboram com seus relatos são unânimes em defender a importância da preservação da
memória sindical da categoria. Como expressam as palavras de Tânia ao final do vídeo. “Tenho muita saudade daqueles [momentos],
a Barraca de Praia, a Diretoria de Base, o ato gigantesco que conseguimos fazer [na primeira greve]. E agora ouvindo o Adilson,
Wanderley, o Ivo, é que caiu a ficha da dimensão da coisa, que parte que a gente faz dessa história. Estou até muito emocionada
com o resgate todo da história”.