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Setembro Amarelo: Brasil avança na posvenção, mas taxa de suicídio cresce

Por: Luciana Araujo
Sintrajud soma esforços na campanha preventiva e orienta categoria a buscar ajuda e observar fatores de risco.
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A campanha Setembro Amarelo inicia sua segunda década registrando números ainda alarmantes. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), anualmente morrem mais pessoas por suicídio do que em decorrência das complicações do HIV, malária, câncer de mama, guerras ou homicídios.



No Brasil, em uma década cresceram 25% as internações por autolesões no conjunto da população – foram 11.502 registros, ante 9.173 em 2014. Na faixa etária de 10 a 14 anos as ocorrência quase dobraram (de 315 para 601 casos) no mesmo período. Os dados são do Ministério da Saúde.



São cerca de 14 óbitos por ano em território nacional, o que equivale a 31 vítimas por dia. E a Associação Brasileira de Psiquiatria estima em 135 as pessoas impactadas a cada suicídio concretizado. Uma situação evidente de saúde pública.



As pressões produtivistas e expositivas da vida contemporânea contribuem para esse cenário. A exposição digital do cotidiano gera renda familiar por meio do trabalho de crianças e jovens enquanto estimula a ansiedade por aprovação. O consumo excessivo de redes sociais e conteúdo digital – cujo resultado gerou um novo termo técnico já reconhecido no debate científico: o “brain rot” ou “apodrecimento cerebral”. O assédio moral, LGBTfobia e racismo são reconhecidos como outros fatores de risco para o suicídio. O preconceito contra depressão, altas habilidades e outras condições de saúde mental também pode ser gatilho.



Mas nem tudo é negativo no debate sobre os óbitos auto provocados. A discussão sobre prevenção e posvenção (acompanhamento e apoio a sobreviventes enlutados) avançou bastante desde que a campanha Setembro Amarelo foi criada, em 2014. A compreensão de que é preciso não restringir a abordagem do tema ao mês de setembro também. Há diversos grupos que discutem o assunto e apoiam vítimas e sobreviventes.



A retirada da estigmatização do assunto é o primeiro passo, para que as pessoas em situação de sofrimento consigam pedir ajuda. Por isso, o Sintrajud há anos vem somando esforços na campanha Setembro Amarelo e na divulgação de serviços como o Centro de Valorização da Vida, que atende 24 horas sete dias por semana pelo telefone gratuito 188. Não fique sozinho/a. Busque ajuda.