Mesmo com chuva e temperatura de 17ºC na Avenida Paulista (onde o corredor de vento torna a sensação térmica muito mais baixa), a categoria realizou hoje um ato em frente ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região, como parte da mobilização nacional em defesa da reposição salarial com sobreposição das tabelas e aprovação do projeto de lei que atualiza os valores do adicional de qualificação (o PL3084/2025, do AQ).

As palavras de ordem “STF, negocia, já!”, “Agora é o momento, servidor no orçamento!” e “Pra servidor, é só trabalho, para os juízes, penduricalhos” ecoaram várias vezes.

Numa sátira à divisão desigual do orçamento entre servidores/as e a magistratura, o almoço no ato foi pizza. Brotinho, em referência ao que está sobrando para a categoria com o avanço da autoconcessão administrativa de milhões reais em benefícios que elevam os vencimentos de juízes/as muito além do teto constitucional.

“Estão tirando tudo de nós, que somos os responsáveis pela produtividade que a magistratura recebe. E se não lutarmos, não vai sobrar nem ‘essa brotinho'”, falou a diretora do Sindicato Camila Oliveira, servidora do TRT-2.

“Com o ataque de Trump à nossa soberania fica mais difícil falar com os ministros do Supremo e os parlamentares no Congresso Nacional. Mas mantivemos nosso ato e nossa luta porque mesmo defendendo a nossa soberania e o Poder Judiciário nesse contexto, é preciso dizer que nossa carreira até agora não avançou porque tem uma política de redução do serviço público. E além do arcabouço fiscal, dos limites orçamentários, estamos assistindo a algo que nunca aconteceu, que nos escandaliza, que é a liberação de benefícios e privilégios para os juízes”, lembrou a também diretora do Sindicato Ana Luiza Figueiredo.

Colegas da Baixada Santista que viriam ao ato em caravana organizada pelo Sindicato não puderam estar presentes em razão dos alagamentos nas cidades da região. “As consequências da chuva inviabilizaram a nossa ida para São Paulo hoje, mas nas passagens nos locais de trabalho colegas de várias varas disseram que nem ligariam o computador hoje”, informou o servidor da JF/Santos Antônio Carlos Lauriano, por meio da sala virtual do ato. Na Justiça do Trabalho na região, o expediente foi suspenso em razão das inundações.

Colegas de Caraguatatuba, Itapeva e Diadema também estiveram presentes no ato presencial. E em Franca, se somaram à mobilização.

Ato no CNJ e diálogo no CSJT
Em Brasília, 16 colegas da categoria representavam o Sintrajud em caravana enviada para participar do ato nacional convocado pela federação da categoria (Fenajufe), em frente ao Conselho Nacional de Justiça. 

Da esquerda para a direita, o diretor de base Marcos Souza, o ministro-presidente do TST/CSJT, a dirigente do Sintrajud Isabella Leal e o dirigente da CSP-Conlutas Fabiano dos Santos (Foto: Scarlett Rocha).

Após o ato, dirigentes do Sindicato também se reuniram com o presidente eleito do Tribunal Superior do Trabalho e do CSJT, ministro Vieira de Mello Filho, para tratar da participação do Sintrajud no grupo de trabalho que vai debater a distribuição dos recursos para a saúde, com compromisso da gestão anterior de retomada da isonomia, após forte mobilização da categoria (leia mais aqui).

Servidores no orçamento e reajuste do AQ, já!
Até a próxima semana o Poder Judiciário tem que enviar ao parlamento a proposta orçamentária para 2026. Por isso, a mobilização deste dia 6 visa pressionar que seja incluída a dotação necessária para garantir que os/as servidores sejam incluídos no orçamento com efeitos já a partir de janeiro de 2026, conforme indicação do ofício enviado pelo ministro Barroso ao Sindicato em junho deste ano, e garantir o PCCS com sobreposição das tabelas e reposição das perdas. Além de destravar a tramitação do PL do AQ sem alterações e em regime de urgência.

“Vamos ter que lutar também contra a reforma administrativa, que é mais um ataque aos servidores e serviços públicos, e pela revogação das reformas da Previdência, que tornaram cada vez mais distante a nossa aposentadoria”, ressaltou Ismael Souza, também diretor do Sindicato no ato na Paulista.

Contra o calote na JF
Na Justiça Federal da 3ª Região, estão suspensos o pagamento de acertos de folha, horas extras e todo tipo de passivos, e até outubro também estão sobrestadas nomeações, mesmo aquelas anteriormente autorizadas. Embora tendo sido liberada pelo Conselho da Justiça Federal no último dia 29 de julho uma suplementação orçamentária de R$ 51, 8 milhões. “Também nunca vivemos isso”, frisou Ana Luiza, que é servidora aposentada do TRF-3, onde trabalhou desde 1995.

Por mais cargos no TRE-SP
O diretor do Sindicato Maurício Rezzani informou que a ministra-presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Cármen Lúcia, entrou em contato com a deputada Sâmia Bomfim (PSOL/SP), “que articulou a nossa audiência pública na Câmara e cobrou explicações do TSE. A presidente se colocou ‘à disposição’ para encontrar solução para o problema das requisições na Justiça Eleitoral. Mas só há solução para essa insegurança entre os servidores se houver mais cargos e nomeações de todos os aprovados no último concurso”, disse.